Não seja amigx de estupradorxs

Recentemente publicamos aqui um relato de violência entre lésbicas, e o mais impressionante de tudo foi a não-repercussão e não-discussão do tema. Tivemos mais ou menos 7 comentários (contando Facebook e WordPress) e mais de 2.000 visualizações no texto. Bom… Me parece estranho, não sei pra você que está lendo isso aqui…

Já perdi as contas de quantas foram as denúncias de violência machista que envolveram pessoas “da cena” no ano passado. E o mais incrível de tudo é que a discussão foi mínima. Panos quentes foram colocados nos casos que interessavam e comentários do tipo “Ah! Mas eu já sabia disso faz tempo! Esse fulano é um escroto mesmo!”. Pois bem, o resultado é sempre parecido: as feministas são histéricas, os caras são escrotos e todo mundo já sabia, o mundo é assim, a culpa é das mulheres que já devia saber. Ok.

E quando o caso foge um pouco do comum (Que porra de comum é esse? Esse é realmente o mais comum ou é o que ‘deixam’ repercutir?)? E quando o agressor é o seu amigo? E quando a agressora é a sua amiga? E quando é aquele cara super legal que fez um documentário feminista (risos) e participa dos mesmos espaços políticos-sociais-de-convívio que  você? O que você faz? Política da boa vizinhança, porque a exclusão não é o que vai solucionar o problema (e quem exclui e pune é o estado penal né gemt eu sou anarchista)? Meuku.

Pra mim, esse é o argumento mais vil e furado que existe. Porque se eu estou ciente de que uma pessoa é umx agressorx e mesmo assim escolho convidar essa pessoa a fazer parte de uma atividade que organizo (ou do bar que eu chamei no fim de semana, que seja… o pessoal é político,né?), tenho alguma parcela de culpa em qualquer merda que essa pessoa fizer. E me corrói a alma a falta de responsabilidade de algumas pessoas “do rolê”.

Seguir com essa política da boa vizinhança misturada com uma idéia distorcida de re-habilitação de agressores é violentar a sobrevivente de novo e de novo e obrigá-la a ter que continuar provando que foi violentada até que ela mesma duvide da violência que viveu.

Pra terminar, me diz o nome de 3 agressorxs que foram excluídos do rolê. Mas não vale o Xavier agressor machistar do MPL…

—-traduzi esse texto do http://feministing.com , que estava postado na página do Occupy Portland porque achei que seria interessante ou que pelo menos as pessoas

Não seja amigo de estupradores (Don’t be friends with rapists)

Esse texto foi escrito por Alexandra Brodsky (EUA) que é editora da Feministing, fundadora e co-diretora do Know Your IX, e aluna da escola de direito de Yale.

   Fico feliz que concordamos em parar de assistir filmes do Woody Allen e em deletar as músicas do R. Kelly das nossas playlists. Mas também acho que precisamos parar de dar rolê com xs estupradorxs que nós conhecemos na vida real.

   Se posicionar contra celebridades horríveis é importante: manda uma mensagem clara para nossas comunidades de que não vamos tolerar violência. Cortar relações com pessoas que nunca fizeram parte de nossas vidas, no entanto, é muito mais fácil do que se recusar a tolerar xs abusadorxs que nos rodeiam. Não estou falando sobre sobreviventes que lutam para se livrar de agressores. Estou falando sobre amigos, os parentes que você decide não “deixar de lado”, e fazendo isso, reforçando a cultura do estupro.

   A parte da carta aberta da Dylan Farrow para o Allen que mais me pegou foi quando ela chama a atenção das pessoas que continuaram trabalhando com seu pai mesmo sabendo do relato de abuso. Quando ela dá nome à Diane Keaton, nós só ouvimos mais um nome de estrela de cinema, outra personagem em um divórcio glamuroso. Mas para Farrow, Keaton é uma pessoa real, uma figura da sua infância que escolheu um abusador ao invés de uma menina em perigo.

   Frequentemente falamos sobre a “cultura do silêncio” que permite que a violência sexual ocorra, mas quando eu estava na faculdade, todo mundo no meu círculo social mais amplo sabia quem eram os estupradores. A informação viajava por chochichos, e levava tempo para percorrer toda a comunidade, mas as pessoas sabiam quais de seus amigos tinham abusado de seus outros amigos, muitas vezes até como abusaram, muitas vezes os mesmos nomes apareciam de novo e de novo. Pessoas que conhecíamos.

   E sabe do que mais? Eles continuavam circulando. Eles continuavam indo para as festas dos estupradores, aquelas festas boas com muita bebida de graça, e em troca convidavam os abusadores junto com suas vítimas. Algumas vezes, eles namoravam com os abusadores de suas amigas: ele não faria isso comigo. Uma vez eu roubei uma foto do meu abusador da geladeira de uma amiga próxima porque não conseguia mais ver aquilo ao lado da minha foto.

   O campus foi ficando cada vez menor para sobreviventes, restringido não apenas pelas nossas tentativas de evitar nossos abusadores mas também evitar os amigos que ainda os toleravam. E ouvimos todas as desculpas. Ele tem uma namorada agora. Eu não sei o que aconteceu. Não é da minha conta. Mas toda racionalização se resumia a uma idéia de que a conveniência, o desejo de nunca se sentir desconfortável ou privado, superava qualquer responsabilidade moral – como se pudéssemos escolher a repercussão de nossas ações, como se pudéssemos passear sem causar efeitos nos outros em um mundo-sem-política.

   Passei muito tempo tentando convencer o governo a reforçar o Title IX (projeto contra a violência sexual e empoderamento das mulheres nas faculdades (http://knowyourix.org/), mas honestamente acho que o ostracismo social poderia fazer mais do que as leis atuais. No meu último ano, eu vi um abusador recorrente questionar o tratamento que as mulheres estavam dando a ele quando não o convidaram para uma grande festa organizada por uma amiga de uma de suas vítimas. Imagina o tanto de coisas ruins teríamos evitado se tivéssemos parado de convidá-lo antes…

   Pule o próximo filme do Woody Allen. Apoie Dylan Farrow. Mas também precisamos fazer algumas escolhas inconvenientes na nossa vida quando é caro para nós e para sobreviventes. Lutar contra a cultura do estupro é difícil. É por isso que temos que fazer isso.

————– E nos próximos capítulos: E quando o coletivo que já recebeu inúmeras denúncias de machismo organiza o ELLA – Encontro Latino Americano de Mulheres pra desbaratinar, e no seu documento usa a palavra feminismo somente 4 vezes e a palavra feministas apenas 2 vezes? E mais! O público alvo é de Homens (com H maiúsculo) e mulheres (aff…) de 17 a 65 anos de todas as classes sociais. Porque? Saberemos mais em breve.

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Ela tinha medo de me perder, eu tinha medo dela. [relato de violência entre lésbicas]

Eu disse “não, não quero”. Ela queria saber o porquê eu dizia não, queria saber o porquê eu me comportava assim “estranha”, mas não tirava as mãos de mim, não parava de tocar os meus seios. Eu só queria que ela tirasse as mãos de mim, só queria que ela parasse com aquilo, que principalmente parasse de me perguntar, que parasse de me pedir um motivo para eu estar assim, “estranha”. A única coisa que consegui fazer foi me trancar no banheiro, chorei. Ela batia na porta, disse que estava preocupada, perguntava o que estava acontecendo, falava com uma voz amorosa. Eu comecei a me sentir culpada de ter deixado ela preocupada, “coitada, agora ela está mal, ela sabe que fez algo ruim, ela está se sentindo culpada”. Sai do banheiro por pena dela. Eu estava apavorada, congelada, muda, ela continuava a dizer que eu estava estranha, pedia mais explicações, “eu, hein, que doida, por que você se trancou? Você estava chorando?”, repetia o quanto eu era doida. Eu estava com muito medo dela, mas me sentia culpada de sentir medo. “Por que eu sinto tanto medo?” Tinha aprendido a fugir em situações de perigo, mas se eu continuasse trancada, se eu mandasse ela ir embora eu sentia como se estivesse acusando a mulher que eu estava apaixonada de ser uma agressora ou qualquer coisa do tipo, eu seria um monstro. Eu não a via dessa maneira e até hoje eu não tenho coragem de chamá-la por essas palavras. Eu ficava apavorada não por que tinha medo de ser estuprada, na realidade eu tinha medo daquele ímpeto que eu sentia nela de, literalmente, me possuir a qualquer custo, do medo que eu percebia que ela tinha de me perder.

Não lembro o que fiz pra fugir daquela situação. Provavelmente disse que não tinha nada haver com ela, que eu estava acionada e que não queria conversar a respeito.

Por muito tempo me perguntei se a culpa não era minha dela me tratar daquele jeito desesperado, de quem não pode perder. Ela aliás, me acusava disso sempre. Disse para mim diversas vezes, que se a relação era pesada daquele jeito, era por que eu disse coisas que não deveria ter dito, coisas que não se falam, como se eu tivesse enganado ela fazendo falsas promessas, como se eu tivesse sido negligente e pouco cuidadosa ou como se eu tivesse instaurado o modelo amor romântico naquele relacionamento e, por isso, tivesse que arcar com todas as consequências daquilo.

Ela me procurou um dia, meses depois de eu ter conseguido terminar com ela, pra falar de tudo de ruim que havia acontecido e o quanto eu tinha colaborado com aquilo. Hoje eu sei, que só aceitei ir lá conversar pelo medo que eu sentia, que se tentei ser amiga dela depois de terminarmos foi por culpa e medo. Afinal, ela mesmo tinha dito no dia em que terminei com ela, que eu não sabia amar, que eu havia descartado ela e eu me perguntava “que tipo de feminista eu sou que não sabe nem mesmo amar as mulheres?”. Diversas vezes senti que ela me ameaçava, que ela me acusava de ser um monstro e que ela usaria tudo o que sabia ao meu respeito contra mim, diria a todo mundo quão ruim eu era.

Durante a nossa conversa, eu tentei fingir que não lembrava de nada. O que ela queria? Ela dizia que eu tinha feito tudo errado, apesar de usar muitas vezes a forma “a gente”, “a gente cagou”, repetia. Mas sempre tinha uma boa desculpa pras coisas que ela tinha feito.
“Se eu forçava a barra pra transarmos, é por que eu me sentia rejeitada”.

“Eu não me lembro”.
“Como não se lembra?”.
“Eu não me lembro”.
Por que nós iríamos conversar sobre a cena que eu relatei acima? O que eu teria a dizer a ela? Enquanto ela me dizia que tinha um bom motivo para ter feito aquilo, eu me surpreendia “ela sabe exatamente o que fez, eu não sou louca, eu não inventei da minha cabeça, ela sabe, ela é testemunha!”. A pessoa que havia me mostrado zines de consentimento, que havia me surpreendido me ensinando coisas a esse respeito, estava dizendo pra mim que estava consciente do que havia ocorrido naquele dia. Naquele momento senti ódio por ela ter me lembrado que não parava de me tocar mesmo eu pedindo pra ela parar, por ela ter me lembrado que eu não deveria estar ali conversando com ela, por ela ter me lembrado que eu não me sentia segura perto dela e por ela ter me lembrado de ouvir o meu coração batendo forte com medo.

Demorei muito tempo pra me livrar do peso de ter que ser generosa e compreensiva com o tempo dela, de ter que continuar amando-a. Demorei muito pra admitir pra mim que o que eu sentia era medo. Demorei mais tempo ainda, acho que esse é o processo mais difícil de finalizar, pra me livrar da culpa de ter sido responsável por construir um relacionamento tão doente. Na época em que comecei a entender que não fiz nada de errado escrevi esse texto, que é o que eu aprendi daquela história toda e que eu encaro como o meu processo de me perdoar pelas coisas ruins que aconteceram. É um texto que carrego sempre comigo e sempre que preciso releio:

Quando alguém se apaixona por você, te demonstra isso, te dá afeto e afirma ter vontade de construir uma parceria contigo…
Isso não te autoriza:
A imaginar que você é a única pessoa importante na vida dela.

A imaginar que você pode cercear as amizades dela, seja tentando jogar as amigas dela contra ela, seja fazendo chantagem emocional toda vez em que ela sai com as amigas sem você, seja falando mal das amigas dela pra ela.
A imaginar que você pode controlar por meio de chantagem emocional aonde ela vai, com quem ela vai e quanto tempo ela vai demorar para ligar.

A imaginar que ela tenha que te contar com qual amiga ela saiu naquele dia ou o que elas fizeram ou conversaram.

A imaginar que você pode desqualificar e zombar dos planos de vida dela por que eles não lhe são convenientes.
A imaginar que você pode ridicularizá-la, toda vez em que ela não se sujeita às suas vontades, tanto no privado quanto para as outras pessoas.

A imaginar que você pode tornar as confissões que ela te fez públicas nos momentos em que você pode ganhar mais controle sobre ela fazendo isso.
A imaginar que você tem acesso irrestrito ao corpo dela.
A imaginar que você tem o direito de meses depois dela terminar com você, lembrá-la desse assunto e justificar que forçava a barra quando ela dizia “não” por que se sentia rejeitada.

A imaginar que você tem o direito de meses depois dela terminar com você, procurá-la para dizer que toda aquela relação só foi pesada do jeito que foi por que ela disse coisas que não deveria (coisas sobre carinho, amor e vontade de parceria).
A imaginar que, depois dela terminar com você, ela precisa sentir pena de você e se arrepender de ter se apaixonado, de ter sido carinhosa e de ter demonstrado vontade de parceria.

B.C.

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        A Íris conheceu o Bulimia quando tinha 15 anos e morava no interior da Bahia. Era 2003, e foi provavelmente pelo mIRC ou ICQ que ela ouviu falar pela primeira vez da banda, que àquela altura já tinha terminado. Aqueles sons em português cantados por uma voz poderosa incomodavam as pessoas ao redor e soavam perigosos (sem falar nas tretas de família motivadas pelas letras). Daí em diante, o álbum “Se julgar incapaz foi o maior erro que cometeu” (2001) se tornou uma grande referência e inspiração política, sempre presente no discman no intervalo da escola.

       Faz 15 anos que a Elisa ouviu Bulimia pela primeira vez. Em 1998, já testemunhando a cena riot grrrl brasileira se consolidando, Elisa resolveu lançar pelo seu selo Clorine Records uma coletânea, e o K7 com bandas de mina de todo Brasil foi batizado com o nome da música do Bulimia que abria os trabalhos, “Punk Rock Não é Só Pro Seu Namorado”. E foi assim, com esse hino do riot grrrl brasileiro, ao lado de outros tantos que vieram na sequência, que o hardcore e o punk feminista latino americano nunca mais foi o mesmo. Uma cena de mina surgiu, imensa, metendo o pé no peito dos machistas e, de quebra, produzindo músicas melhores e mais inspiradas do que qualquer bandinha “clássica” de bofe chateado.

      Em 2012, num encontro de zines feministas organizado pela Luiza e amigas no teto do CCSP em São Paulo, Iéri, a dona da voz que eternizou os lindos refrões gritados do Bulimia, nos deu o prazer de sua presença. Pois é, minha gente. E ela ainda levou os tão esperados 7″ da sua banda atual, o Las Outras, que sumiram em segundos! Batemos um papo delícia naquela tarde de violão e muita troca de material feito por minas de várias partes do Brasil. Somos fãs do Las Outras, Iéri tem talento de sobra e nos identificamos com suas posições políticas. Foi um momento mágico pra todas as ráiot presentes! Pouco tempo depois, a Íris resolveu ter a ideia mais genial do ano: uma entrevista exclusiva com a Iéri pro nosso blogue ráiot.

      Abaixo vocês poderão conferir essa ideia concretizada, esperamos que vocês gostem! Obrigada pela generosidade, Iéri! E venha logo tocar no Brasil!

– Na primeira vez que eu ouvi Bulimia, o que mais me chamou atenção foi a sua voz. Enquanto que, para algumas pessoas ao meu redor, era um incômodo ouvir aquela voz lindamente rasgada, para mim era a evidência de que mulheres também podiam gritar e criar um tipo de expressão própria dentro do punk. Pra você, como foi construir um tipo de vocal tão característico? Você já cantava antes?

Exatamente essa é a questão, eu não sei cantar até hoje! Hahaha! Com a Bulimia, meu interesse era muito mais político que musical, ou seja, eu estava muito mais interessada em falar sobre as coisas que eu achava importante que o som que a gente tava fazendo. Obviamente que isso estava relacionado com o que era o punk pra mim, algo necessariamente contestador. E é por isso que o fato da minha voz ser tão estridente e pouco agradável aos ouvidos comuns não me incomodava nem um pouco. O que eu tinha claro é que não queria nem cantar como um anjo; nem forçar a barra e imitar os berros dos caras. Eu também queria incomodar, em todos os sentidos, tirar as pessoas da sua zona de conforto, musical inclusive. Naquela época isso era importante para mim. Que outras meninas escutassem aquilo e pensassem que também podiam montar uma banda, apesar de qualquer coisa que parecesse um impecilho.

punknamoradocoleta

– Em 1998 e vivendo em Brasília, quais eram as referências musicais e políticas que inspiraram a Bulimia?

Uff, já faz tanto tempo que é um pouco difícil lembrar exatamente, mas a história é que eu morei fora do país e voltei inspirada com Bikini Kill e o riot grrrl. De repente era como se todo fosse possível. Queria montar uma banda que fosse só de meninas, isso era muito importante. Conheci Bianca e passávamos tardes falando sobre isso, tentando encontrar meninas que tocassem outros instrumentos ou que tivessem afim de aprender alguns riffs. Tivemos uma primeira tentativa de grupo com um cara na bateria, porque não encontrávamos uma menina e foi um desastre porque não havia afinidade nenhuma no que queríamos fazer, pelo menos pra mim, então eu saí. Algum tempo depois conhecemos a Berila, a Silvia topou arriscar alguma coisa com o baixo e Bulimia começou. Eu tenho que reconhecer que, no caso da Bulimia, sempre tive mais preocupada com o conceito e as idéias que queria transmitir com o grupo que com a música em si. Para mim, que fosse um punk básico já tava bom. Até hoje é a simplicidade e a honestidade que me interessam no punk, não o virtuosismo musical.

Politicamente sim que tinha algumas idéias muito mais claras. Queria falar do sexismo e da misoginia dentro da cena punk, que era nosso mundo. E não tinha nenhum interesse em falar sobre isso desde a perspectiva dos caras, eu queria abrir uma comunicação direta com as meninas! Não me interessava pedir pros carinhas que deixassem de ser machistas, eu queria que as minas não o fossem! Que elas entendessem que o lugar que estava reservado para elas na sociedade não era a único para se estar! Que ser mulher era ser qualquer coisa que elas quisessem ser.

Mas o mais bacana foi que depois que começamos a tocar, fomos conhecendo vários projetos de grrrls pelo Brasil, outras bandas, fanzines… Tinha Dominatrix, Cólica, Kaos Klitoriano, TPM…

– Sua voz e atitude no Bulimia são referencia pra muitas meninas brasileiras que estão começando no anarcafeminismo, riot grrrl, hardcore… O que você tem a dizer a elas tendo vivido tudo o que você viveu e vive no interseccionamento dessas diferentes subculturas?

Para mim, o mais importante é ser sincera, com você mesma e com o que você acredita. Esta sociedade tenta roubar tudo da gente, numa despersonificação constante. E os códigos de como agir, vestir, falar também estão dentro desses espaços que supostamente deveriam ser críticos e auto-críticos. Eu lembro que quando comecei a ir nos shows, muitos caras vinham me perguntar sobre a banda que estava na minha camiseta, tipo pra ver se eu conhecia de verdade, saca? Como se tivesse algum outro motivo extraordinário do porquê uma garota esta em um show de hardcore que não seja a música! E isso também acontece nas assembléias de coletivos anarquistas… É aquela sensação de sempre ter de estar provando todo o tempo que você está ali pela mesma razão que eles/as! Até eu perceber que não, não estava pelo mesmo motivo que muitos deles. Para mim o punk não é subcultura, é contra-cultura. É uma maneira de ser e fazer distinta da norma, uma agressão ao pré-estabelecido que não nos serve.

Meu caminho não foi nada fácil, lembro que sofri ameaças, perseguições, medo… Briguei com meio mundo, fiz inimigos que tinham rosto e endereço. Mas apesar de me sentir um tanto sozinha às vezes, foi a fortaleza da união, especialmente com as outras garotas do Nada Frágil, Ianni e alguns caras, que me faziam sentir que tudo valia a pena. A gente pensa que está sozinha, mas não estamos! Somos muitas! Este apoio mútuo e solidariedade é a nossa resistência.

Na época do Bulimia, também existia o Nada Frágil, que foi um coletivo feminista não-misto que montamos, garotas envolvidas na cena punk-HC. Minha irma, Ianni também me acompanhou nesta e em várias das lutas. Distribuíamos panfletos nos shows, fazíamos performances, invadíamos palcos, enfim, provocávamos! Queriamos agitar, discutir, destruir a cena punk machista dominante da época e fomentar novos valores e atitudes. Na minha opinião, o NF também foi fundamental pra mudar a cena de Brasilia na época. E nós mesmas, obviamente.

Já tem algum tempo que o punk deixou de ser uma ameaça. As pessoas deixaram de questionar, criticar sobre o que estamos fazendo com nossas vidas e o planeta. É mais importante usar o tempo para estudar historia de bandas, discos e punk em geral; vestir-se de maneira apropriada; consumir e parecer punk, que realmente afrontar esta sociedade doente e podre.

– O que mudou nos temas e na forma que você escreve desde que escreveu sua primeira letra de música?

mudou muito! Quando começamos a ensaiar com Bulimia, os objetivos de cada uma eram muito diferentes. Nenhuma das outras garotas eram feministas e é por isso que sempre saíamos como “banda feminina”, não feminista. Nos ensaios a gente passava mais tempo discutindo temas que fazendo música. Eu passava horas e horas falando sobre um tema com elas, argumentando, desafiando, construindo. Mas tinha certa dificuldade em transformar tudo isso em estrofes de determinados tamanho e estrutura. O que era importante para alguma delas. Então as vezes, era outra que plasmava isso em uma letra.

Algumas destas letras eu jamais teria escritoe nem me sentia super comoda para cantar. Mas eu era muito idealista e sempre tentei viver de maneira mais coerente possível, se a banda era um coletivo, não podia cantar coisas que só interessavam a mim. Isso também servia pro que eu falava no palco. Éramos muito diferentes, em idéias e atitudes no dia a dia, em nossas amizades, então eu não queria dizer coisas que só refletia quem eu era… Ainda que fosse eu dando a cara com o microfone. Isso eu já não faço mais! De jeito nenhum! Ninguém deve representar ninguém que não seja ela mesma.

Poucas pessoas sabem destes detalhes, porque o texto que se encontra na pagina da Prótons e que foi circulado por todos os lados como se fosse a história da banda, é mentiroso. Não é a verdade de como nos juntamos, como funcionamos e como acabamos.

Já a Las Otras surgiu num contexto de muito mais afinidade política e maturidade (velhice?) minha. No começo também passávamos horas debatendo temas, mas partíamos todas de uma base comum muito importante que é o anarco-feminismo. Isso foi um alívio pra mim. Me faz sentir muito mais livre para escrever, porque além da afinidade compartilhada, também temos maior liberdade musical. Re-escrevemos letras juntas, compomos riffs juntas… Las Otras temos uma maneira de fazer as coimas totalmente faça-você-mesma, queremos comunicar idéias, questionar, mas ainda assim, somos somente uma banda punk. As revoluções não vão acontecer só porque cantamos sobre elas.

– Quais seriam exemplos dessas frases do Bulimia que hoje você não se sentiria a vontade para cantar?

Por exemplo, Orgulho do Brasil é um erro de abordagem. Não é sobre prostituição infantil, mas sobre exploração, abusos e alienação de nossos corpos. A Berila também escreveu algumas das letras mais “estranhas”, como Bumerangue… “este é o planeta terra onde eu jogo um bumerangue”. Eu lia aquilo e pensava: “do que ela tá falando?” hahaha! Tampouco cantaria “Um indivíduo racional, é na verdade um deus”, algumas outras frases de Chegou a Hora, e Ordem dos Músicos.

O processo de escrever letras e música muda muito de uma banda pra outra, e nem sempre quem escreve uma letra esta disposta a muda-la. Talvez seja a hora de dizer que tem outras letras que eu gosto muito! E entender que elas sempre sao uma mostra da época em que foram escritas.

– Você mora em Barcelona, na Espanha. Pensando em estrutura política e produção cultural, qual a diferença que você vê entre o feminismo autônomo no Brasil e daí?

Quê?!! Isso é pergunta de tese!!

O contexto histórico é a primeira coisa que vem à minha cabeça. Este país passou por uma revolução social na qual anarquistas tiveram um papel fundamental. As pessoas realmente chegaram a viver de maneira diferente. A utopia foi realidade, que deixou marcas, na cultura, mentalidade. Barcelona em especial, foi uma cidade muito importante no contexto revolucionário e certamente minha experiência aqui é muito diferente que se eu estivesse vivendo em qualquer outra cidade do estado espanhol. As pessoas sabem o que é anarquismo,

ainda que não sejam anarquistas. Em geral existe uma mentalidade mais progressista. Dá pra respirar isso nas ruas, apesar da forte presença do estado policial nas ruas para proteger o turismo. Muita gente odeia as igrejas, não votam e, penso eu, têm certa tolerância com a okupação. Ainda que as forças do Estado nao sejam um reflexo disso (nunca o são).

Acho que este contexto histórico é importante para entender a mentalidade e a capacidade de resistência e luta deste povo. E, consequentemente, a maneira de fazer as coisas nos movimentos sociais radicais.

Eu vim pra cá por causa da política, estava interessada no movimento okupa e anarquista em geral. Feminismo era palavra feia entre as mulheres anarquistas nos coletivos onde participava, mais insurrecionalistas, porque naquela época existia pouca coisa além do feminismo institucional. Estamos falando de 9 anos atrás. Felizmente a coisa mudou em pouco tempo. Começamos a organizar assembléias de mulheres okupas, fomos conhecendo mais e mais feministas autônomas e inclusive anarquistas e os projetos foram surgindo. Em especial, quero citar a MAMBO (Momento Autonomo de Mujeres y Bolleras), um centro social okupado em 2006 exclusivamente por e para mulheres, lésbicas e trans. Este espaço foi fundamental para construir alianças, projetos, abrir discussões sobre a necessidade de espaços não mistos, questões trans, aprender juntas a reabilitar o edifício: construção, eletricidade, encanamento. De aí se formaram mais grupos de wendo, discussões sobre agressões sexuais nos centros sociais… A verdade é que foi tudo tão impressionante e potente que a influencia de todos estes processos foi notória dentro do movimento anarquista e okupa, onde muitas também estamos. Logicamente não foi fácil e muitas vezes bem sofrido especialmente para as que, como eu, mantinham atividades em outros coletivos mistos.

Obviamente nem tudo são flores, mas pelo menos existe uma rede bem grande de apoio e resistência entre nós, um monte de mulheres e pessoas trans se identificam com um feminismo autônomo, anti-capitalista e radical. E outras alianças que construímos com outros movimentos radicais. Também importante ressaltar que a infra-estrutura que existe aqui por estes lados -centros sociais okupados, habilidades, ferramentas -tudo foi conseguido de maneira autônoma, por nós mesmas. Isso não vem de ajudas governamentais ou doações de instituições ou partidos políticos. Vem do compromisso e não na massa das pessoas e da necessidade de construir nossas próprias redes e sermos o mais autônomas possíveis. Hoje em dia acaba sendo relativamente fácil produzir shows, eventos, atividades e inclusive manifestações não mistas, como na semana do 8 de março aqui, Se Va a Armar La Gorda.

Eu não posso falar muito do Brasil, porque já não moro aí há muito tempo. Mas toda vez que vou, vejo essa mudança por ali também. É tudo muito diferente daquela época da Bulimia. Eu costumava ficar boquiaberta com todas as possibilidades da ética faça-você-mesma e tudo que a gente ia criando aqui em Barcelona. E fiquei encantada quando fui no Vulva La Vida, em Salvador, e respirei o mesmo ar. A maneira como o festival é organizado por um coletivo e logo executado entre todas as participantes do evento, decidindo regras de convivência, espaços seguros, programação juntas… Conheci um monte de pessoas radicais, incríveis, que levam pra frente projetos muito parecidos com os que a gente tem aqui e que também existem em outras partes do mundo. Também ver grupos de minas feministas, como Dança da Vingança e Soror e outras moviemntaçoes feministas autonomas várias das amigas em Brasilia, que é de onde eu

posso falar mais. Apesar do “backlash” que sempre rola, está tudo muito vivo e ativo. É muito inspirador!

Las Otras (BCN)- Kaos a Gracia 2012 (BCN). 18/08/2012.

Las Otras (BCN)- Kaos a Gracia 2012 (BCN). 18/08/2012.
fonte: http://pocoojo.wordpress.com/2013/08/28/las-otras-3/

– Como é cantar em espanhol?

Apesar de ser um segundo idioma, porque moro fora há uns 9 anos, ainda é um desafio. Porque logicamente tenho mais recursos no meu idioma natal e me sinto mais confortável. Mas para mim, é importante me comunicar com as pessoas no idioma do país onde estamos. Eu adoraria poder cantar em catalão, mas as pessoas mal entendem quando falo o idioma! Então eu fico com o castelhano. Tomara que num futuro role. E eu gosto que meu sotaque super carregado também denuncie que eu não sou daqui. Da última vez que estive no Brasil, escrevi uma letra em português. Saiu assim e eu deixei, mas só porque também reforça minha identidade imigrante.

– O 7″ da sua banda Las Otras é lindo. O instrumental é um punk old school maravilhoso e as letras são raivosas num grau de radicalismo feminista brilhante que não via no Bulimia (apesar de gostar muito das músicas, obviamente). Um exemplo é a letra de “Asesinas”. Isso reflete alguma mudança sua interior?

Sim, varias mudanças, afinal já se foram muitos anos entre uma coisa e outra. Nesse meio tempo eu me radicalizei muitíssimo politicamente! Hahaha. Na época da Bulimia meu maior interesse era juntar o maior numero de garotas possível. Eu queria que nos organizássemos para ocupar nosso espaço, no punk e em qualquer outro lugar que nos interessasse; queria pensar, criticar com e para as mulheres. Logicamente era mais fácil partir de uma base mais comum, um feminismo mais generalizado. Queria unir, mais que marcar nossas diferenças.

Talvez por isso aceitei cantar letras com as quais não estava muito de acordo também. Existem frases de letras da Bulimia que não escrevi que jamais cantaria hoje! Em Las Otras não sou a única que escreve letras, mas se tem alguma coisa que alguma não gosta a gente senta e discute até chegar num consenso.

Hoje não me interessa “rebaixar” o discurso para atingir o maior numero de garotas. Me preocupam outras coisas, penso de maneira muito diferente sobre alguns temas e quero falar sobre isso. Acho super importante continuar sendo críticas, inclusive com nossas idéias antigas. Existem muitos tipo de opressão, não queremos ser cúmplices silenciosas, preferimos ser traidoras ativas.

– Como foi a turnê pelos EUA? Há algum plano de um turnê pelo Brasil?

Ah, foi demais! Tocamos 16 dias, pela costa oeste. Desde Vancouver, Canada até San Diego, CA. Tocamos com grupos incríveis; conhecemos pessoas, lugares, projetos super legais; e fomos bem recibidas. Fomos um pouco na louca, tipo contactamos um amigo lá que organizou a turnê, alugamos uma van… Lógico que o apoio do Marat foi imprescindível já que ele lançou nosso LP lá nos EUA, comprou equipamento e dividiu a direçao da van comigo. A idéia era ter umas férias de luxo, fazendo o que a gente mais gosta. Luxo punk, claro, dormir no chao, uma refeiçao completa por dia, cerveja barata, horas e mais horas de estrada… hahaha. Deu tudo certo! Vendemos um monte de discos e camisetas, o que mostra o interesse das pessoas pelo que

estamos fazendo e o apoio aos grupos que estao de turne, para que a gente continue fazendo as coisas como gosta, sempre faça-você-mesma.

Na california, tocamos basicamente dentro cena “chicana”, que é separada da cena punk branca, e muito interessante! Em L.A. por exemplo, organizaram o “Mujeres en el Punk vol.2” e só tocaram grupos com pelo menos uma garota como integrante (a maioria dos grupos tinham mais) e dava pra contar nos dedos as pessoas brancas ali. Além de fazerem ótimo punk, las chicanas compartilham problemáticas, idioma, estética… Também foi importante para mim ver o interesse de muitas garotas na Las Otras, conhece-las, trocar experiências e fazer novas alianças mundo afora! Como é importante que a gente se conecte!

Poxa, ir com Las Otras pro Brasil é um sonho meu, e delas também. Vamos ver se a gente consegue juntar mais dinheiro pra tirar outras “ferias de luxo” num futuro próximo.

– Qual é o livro que você mais leu na vida?

Não lembro se já li livros mais de uma vez, mas já reli alguns capítulos de Vivendo Minha Vida, de Emma Goldman. É incrível!

4 DISCOS QUE MUDARAM MINHA VIDA:

CÓLERA – Tente Mudar o amanhã

Muitos são os discos de punk brasil dos 80 que e deixaram e me deixam arrepiada até hoje, mas Cólera, com sua sinceridade e simplicidade tem lugar no meu coração garantido. Sempre.

THE FAKES – Real Fiction

Decidi colocar este disco para representar o conjunto Riot Grrrl porque foi um projeto que ilustra bem a revolução que causou na minha vida: letras sobre experiências dolorosas reais, de abusos sexuais; toco-o-tipo-de-musica-que-eu-quiser-ainda-que-nao-saiba-tocar; espírito “vamos nos juntar e falar sobre isso que ninguém quer ouvir e querem continuar fingindo que nao existe?”

RUDIMENTARY PENI – Death Church

Crass obviamente foi um marco na minha vida. Tanto os textos dos seus discos, quanto a maneira em que viviam, faziam do anarquismo algo próximo e cotidiano, do aqui e agora, mais do que quando a revolução chegar. A contra-cultura à frente da subcultura. Eu amo quase tudo  dentro do anarco-punk inglês, mesmo! Mas hoje escolho o som sombrio e perturbado de Rudimentary Peni. A arte de Nick Blinko é de tirar o fôlego e não me canso de escutar nenhum dos discos.

OTAN – Sociedad Despreciable

Quando cheguei em Barcelona, este grupo foi responsável pela minha reconexão com o punk. Mas que isso, me fez querer tocar de novo. As política anarquista, as letras simples e diretas, o som tosco, as atitudes dos integrantes no dia a dia, a maneira como faziam as coisas. Sincero e humilde. Isto é o punk.

6 MOTIVOS PORQUE SOU UMA PUNK FELIZ EM BARCELONA:

CROSTA:

ORIGEN:

FLUJO: 

SECT: 

LES GATES:

SIEGA: http://siega.bandcamp.com/

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DENÚNCIA: VIOLÊNCIA SKINHEAD

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DENUNCIA VIOLÊNCIA SKINHEAD (29/06/2013): “… hoje colei en un manifesto no centro de $P..un manifesto organizado por punks, fortalecendo a união entre punks y punks. Des do começo da divulgação da manifestação estava claro a posição sobre a presença de skinheads,somos punks e não fechamos con essa união e com esses grupos que só tem atrasado nosso lado,nos dividindo,e que a muitos anos vem deixando um rastro de sangue dxs nossxs..mas essa é uma outra discussão que não cabe falar aqui e que estamos debatendo sempre nas ruas. Queríamos que ao menos soubessem respeitar nossa posição. Mas como sempre não é oque acontece…colou entre uns com um vizu muito “skinzito”, outros, xs defensores(as) que os obedecem sem questiona-los que bate no peito falando que é punk mas que até hoje só vi fazer propaganda com panfleto sobre xs “skins do bem”…algumas provocações começaram a surgir..de uns machos que segundo algumas pessoas era Devastação ou colava junto (é aquela gangue que foi presa por agredir nordestinos meses atrás), os manos da Kaos Punk foram dizer a eles que não eram bem vindos, foram embora e o ato continuou seguindo..entre banderas negras, uma banquinha improvisada, cartazes e tintas espalhados pelo chão onde a população chegava e deixava seu protesto, muita interação com as tiazinhas e os tiozinhos, com jovens, trabalhadores gente que passa pelo mesmo abandono social que nós, uma batucada improvisada, gritos de protestos, Erâ Punk, trocas de idéias, informações, livros, materiais anarquistas y punks ..saiu até uma idéia nossa de formar um grupo de teatro anarquista..tava presente o MAP/$P(movimento anarcopunk), a Kaos Punk y muitxs punks independentes …tava muito massa estava me sentindo bem em ver tantxs punks juntxs passando a idéia anarquistas, protestando, mostrando a essência da revolta punk e sem essas de divulgar xs skins. Depois deste ato seguimos pro CCS (centro de cultura social) onde estava rolando uma palestra sobre o Feminismo no Anarquismo…depois que acabou decidimos ir tomar uma breja na praça roosevelt…ficamos de boa rindo, brincando, conversando e derrepente de longe vimos os skins vindo, estávamos em 7 pessoas eu e mais 6 manos anarcopunks…dava pra ver suas armas brancas brilhando de longe e sobre o grito de um deles “Aqui é praça de skin, anarcopunk não cola, vocês vão morrer” estávamos indefessxs despreparadxs sem nada pra “troca” com eles, decidimos sair fora…en um momento perdi o ar e cai …o pensamento foi automático “Merda, vou morrer nas mãos destas bostas!” “Se morrer meu filho como fica?! apesar de muitxs me ajudarem com ele, só tem a mim” e em segundo um deles subiu em cima de mim no chão, gritava “Vagabunda” e me golpeou com uma garrafada na cabeça muito sangue, muita dor…foi tão rápido e tão agonizante que acabei nem percebendo que outras coisas tinha rolado. na hora saíram correndo e meus manos me ajudaram, um dos nossos acabo desaparecendo na confusão o qual ainda não tenho noticias. Os policiais que estavam na rua foram muito escrotos fazendo piadinhas e dando uma idéia muito errada.. queriam me levar pro hospital (não confio em policia claro que não fui) queriam que eu fizesse um B.O (não fiz, além de ser horrível mexer com essas merda, não da em nada).
Os manos insistiram pra ir pra mim ir ao hospital e até ligaram pro SAMU, mas nunca iria chegar…se tivesse levado uma facada morreria ali mesmo sem nenhuma assistência médica. o corte não parecia tão profundo ou tão grande, não parecia precisar de pontos e o sangue estava estancando. Me acompanharam até o ponto de ônibus eu só queria ir pra casa, ver meu filho saber que pelo menos ele estava bem y seguro. Estava com muita dor y muito, muito inchaço o sangue começou a correr de novo dentro do buzão…percebi que meus dedos estavam começando a formigar e que minhas mãos estavam roxas e inchadas logo não consegui mais mexer os dedos das duas mãos. Estava tão desnorteada que acabei passando muitos pontos e tive que andar bastante até chegar em outro ponto pra pegar o que volta, estava fraca y tonta perdendo muito sangue, quando cheguei em casa percebi que não foi só a garrafada meu corpo todo doía muito e tinha um roxo enorme nas minhas costas e por todo meu corpo, foi quando vi que enquanto estava no chão e protegia meu rosto e cabeça ao mesmo tempo que levei a garrafada levei chute nas costas e em outros lugares, tudo muito rápido y confuso que não percebi. Decidi passar no pronto socorro na madruga estou a base de remédio forte, as dores são fortes e lateja o garrafada foi tão forte do lado direito da cabeça que afetou indiretamente minha mordida não consigo me alimentar.os movimentos dos dedos voltaram e minha mão dói muito, veias das duas mãos havia sido rompida. Mas o que mais esta me deixando mal é esse ódio y impotência que estou sentindo. Pra mim não importa se eram Wp, nazi, rash, sharp o caraio que for sabiam que estávamos lá e sabiam quem éramos, estou todo final de semana lá treinando malabares e as vezes levo meu muleque pra brincar nos brinquedos(e se ele estivesse la hoje?! O que seria) e essa galera “skins antifa” já me viram la muitas vezes. Isso foi fita dada, certeza. Esse visu deles, esse nome que carrega muito sangue, esses gritos “Oi!”, atormenta a mim y a muitxs, a muito tempo. FODA-SE se alguns agora querem ser “bonzinhos”. Quanto sangue mais será derramado? Quanto terror mais será colocado sobre esse nome Skinhead?! Repito novamente: peço que todxs aqui dos meus contatos, se tiver qualquer tipo de ligação com skinheads que se me exclua dessa porra.com sinceridade! Respeite a minha segurança e a do meu filho.”

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Queria dizer que #3 ontem fui ver o filme do Le Tigre

Ontem (hoje é dia 6) eu fui ao cinema assistir o filme (ao filme) do Le Tigre. Já tinha assistido antes, mas queria ver no cinema com som altão e tudo mais…

Numa parte do filme, a Kathleen Hanna fala algo sobre não se sentir obrigada a responder a alguns questionamentos quando eles são baseados em mentiras/burrices/equívocos.

Hoje eu tomei conhecimento de uma carta assinada pelo MPL (Movimento Passe Livre) e pela Marcha das Vadias de Guarapuava. Entre outras coisas bizarras, a carta questiona a credibilidade da sobrevivente e, ainda, diz que vai se posicionar apenas depois da decisão judicial.

Agora eu te pergunto:

O ESCRACHO FEMINISTA NÃO ERA RUIM PORQUE REPRODUZIA O ESTADO PENAL?

Não é isso que as pessoas que desqualificam relatos de agressão dizem?

(Dá um play nesse som aqui antes de continuar a ler, porfa? Valeu! Bjs)

Ok. Reflita um pouco sobre a pergunta e tente contar quantas vezes você já ouviu essa crítica de amigxs de agressorxs.

Certo. Agora faça uma lista de quantos agressorxs foram excluídos dos espaços de convivência que eram frequentados pelas sobreviventes também.

Última coisa, dê um google nisso aqui “atendimento ruim delegacia da mulher brasil” e leia pelo menos 3 notícias.

Pronto. Faça uma pausa de uns 15 ou 20 minutos, tome um chá/café/garapa, e pense um pouco sobre essas informações que coletou agora.

Pensou?

Em que lugar do universo te parece OK desqualificar o relato de uma sobrevivente de violência doméstica? Nenhum, né? Pelo menos é o que eu penso.

A carta (Lembra? A que eu comentei no começo do post?) tinha tudo de sinistra e mais o dobro. Eu não estava acreditando no que estava escrito naquele texto… E a história foi piorando. Vai vendo.

No fim do dia, o coletivo Marcha das Vadias de Guarapuava foi procurado para fazer esclarecimentos sobre a carta. Apenas uma menina do coletivo se apresentou, sempre com uma postura defensiva e bastante agressiva. Aos poucos os questionamentos que eram feitos iam quebrando, um a um, todos os argumentos e premissas equivocadas da carta.

E para coroar a carta: Meninas do coletivo Marcha das Vadias de Guarapuava começaram a aparecer e dizer que não estavam cientes da carta, pois a responsável havia publicado sem o consentimento das outras integrantes do coletivo.

E além disso, manifestaram apoio à sobrevivente que estava sendo acusada de mentir sobre o caso.

No fim, descobrimos, para o choque de todxs(ou não) que as pessoas responsáveis pela nota, são próximxs do agressor machista. Agressor machista que usa mulheres para validar sua fala. Agressor machista que manipula usando chantagem emocional. Agressor machista que se esconde debaixo da camuflagem libertária.

Quantas vezes mais precisaremos gastar nosso intelecto para refutar idéias falsas?

Deixo aqui uma resolução (mesmo que tardia) de ano novo: Que nesse ano novo não se jogue tanta energia feminista (e BOA) no lixo.

“You’re so policy free and you’re fantasy wheels and everything you think
and everything you feel is alright, alright, alright, alright, alright.” -> google tradutor: http://tinyurl.com/bo5lxnb

Por último, deixo aqui o meu apoio à sobrevivente.

SOMOS TODAS PAULA.

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Debate após o documentário VIVA VIVA

VIVA VIVA é dirigido por Carolina Pfister.

Teaser do documentário VIVA VIVA aqui

“Conheça duas gerações que moldam uma cultural global dissidente, e criam a trilha do caos urbano. Sob o concreto de São Paulo, os punks nos convidam a abrir os olhos. Viva Viva!.”

site do filme: http://vivavivamovie.com/

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Queria dizer que #2 Quando eu escuto uma idéia muito boa eu choro.

Vamos falar de coisa boa? Qual foi o primeiro cd que você comprou na sua vida? O meu foi o 18 Essential Songs da Janis Joplin (também teve uma coletânea da Sandy e Júnior, mas essa é outra estória… haha).
Desde que eu tinta uns 11 anos, costumo frequentar algumas lojas de cd. Tinha uma loja perto da casa da minha avó em São Pedro, interior de São Paulo, que eu adorava ir pra passar horas olhando cds e ficar namorando as guitarras.
Eu lembro que bem na porta da loja tinha uma foto bem grande da Janis Joplin, aquela do Woodstock que ela tá com o vento batendo na cara e tal… E, na minha cabeça, a dona da loja (não lembro o nome dela… mas chamo ela de Janis) era muito parecida com a foto, mas muito mesmo. A ponto de eu achar um pouquinho que talvez a Janis tivesse fugido e ido morar no interior de São Paulo.
Enfim, eu passava muito tempo lá na loja da Janis, conversando com ela sobre música. E num belo dia, quando minha mãe foi me buscar, pedi dinheiro para comprar o cd da Janis Joplin (finalmente cheguei nessa parte da estória…), a Janis da loja só me disse: “Você vai gostar muito!”
E de fato, eu gostei muito do disco. Ouvi milhões de vezes, chamei uma amiga pra ouvir também (eu gostava de quando a gente chamava uma amiga em casa só pra ouvir um cd… talvez porque eu demorei muito pra aprender a mexer na internet e baixar músicas… tipo só comecei a baixar música em 2007…). Enfim, pirei no cd. Até hoje sei uma boa parte das letras e, na época, até montei um songbook da Janis Joplin pra poder aprender a tocar todas as músicas.
Eu não me identifico totalmente com a Janis, talvez sejam poucas coisas que sinto que temos em comum (falou a íntima, né?), mas acho que o simples fato de ela ser uma mulher que não estava enquadrada nos padrões de artista mainstream, já era mais do que suficiente pra mim.
Pesquisei sobre a vida dela e descobri uma história que me marcou muito: Janis foi eleita o menino mais feio da faculdade onde estudava. Essa informação me causou algo que eu não sabia explicar, foi uma mistura de fascínio e revolta. Algo que eu não conseguia entender direito e que me fez gostar ainda mais da figura.
É muito difícil ser uma menina de 11 anos e sentir que não se identifica com o que 98% das pessoas com quem você convive se identificam. A minha experiência com música feita por mulheres foi essa, Janis Joplin, pra algumas amigas minhas foi a Avril Lavigne. Anos depois fui conhecer o riot grrrl que fez muito sentido pra mim, mas não fui exposta a essa cultura desde cedo, por mais que ela já existisse antes. Foi só a pouco tempo atrás que percebi que todas as bandas com que já estive envolvida (desde os 13 anos) foram bandas com maioria de mulheres, e o mais engraçado é que isso sempre foi muito natural, não foi algo premeditado ou consciente.
Hoje eu tento refletir sobre essas minhas experiências e tentar entender o reflexo que elas tem sobre mim hoje em dia, e consigo perceber a importância de algumas atitudes tomadas por algumas cantoras mainstream. Elas não se declaram feministas, mas às vezes isso nem é importante. Tegan and Sara, por exemplo, tem um impacto muito positivo quando se declaram LÉSBICAS, muitas meninas descobrem que isso (“isso” é foda… mas eu tô falando de ser lésbica.. enfim…) existe através dessas declarações. Quando a Daniela Mercury diz que se casou com uma mulher, isso tem um peso muito forte, ainda mais quando ela se expõe e mostra que está bem, e que está feliz.
A gente subestima o poder e a importância política da música mainstream. A música mainstream também é política, mesmo sem saber (duvido que as gravadoras não saibam…. mas ok, não vamos entrar nas piras de conspiração.). A arte tem um poder muito grande sobre o pensamento das pessoas, pois pode perpetuar e naturalizar comportamentos que podem ser muito nocivos para quem não se encaixa no modelo hegemônico de PESSOA NORMAL. A gente se sente esquisita e se acha que é porque tem algo muito errado na gente.
Hoje em dia eu me sinto muito feliz por ver coisas tipo um mestrado que vai ter como foco as cantoras de funk carioca e não achar que aquilo não tem valor por se tratar de uma cultura vista como inferior ao modelo de música BOA que a gente aprende com a mídia.
Eu me identifiquei com a Janis Joplin. Podia ter sido com a Alanis Morissette, ou a Bjork. Só sei que uns dois meses depois descobri que o Kurt Cobain era casado com a Courtney Love e ela tinha uma banda chamada Hole…

Par terminar eu vou fazer uma mini linha do tempo pra falar sobre como eu conheci o riot grrrl… Não riam prfvr…

janis joplin (diva) – jefferson airplane (outra diva) – hole (diva louca diva) – L7 (xente, queisso?) – penélope (ai, adorei que é em português, não sei…) – cansei de ser sexy, cínica, je reve de toi (eu tenho 15 anos e quero ser o adriano cintra. não sei quem é kathleen hannah. esse troço de fanzine que o cínica faz é muito foda, hein? quero fazer também! pena que não sei o que escrever…não acredito que cheguei na porta do bad religion e não entrei…. acho que nem vou tentar o pennywise) – Le Tigre, Gossip, Ladyhawk, Peaches, R’nB americano, Crystal Castles, Cat Power, Kate Nash, PJ Harvey, Tegan and Sara (mano, adoro balada e sou indie. ctz.) – Bikini Kill, bratmobile, sleater kinney, Cars can be blue (cara, eu gostava de punk, mas isso é outra parada… e é a mina do Le Tigre né?) – Dominatrix e bulimia (carai! tem no brasil também?) – huggy bear e todas as outas bandas riot grrrl (sepá que é isso mesmo…. nossa… é isso. convocatória riot grrrl! puts, mas é na bahia, né? fudeu.) fim. é isso.
NAO VOU FORMTAR O TXTO BJOS O BAGULHO EH EMO ORGANICO SENTIMENTAL DESCULTPA AMO VOCES HOJE E´ DOMINGO E EU CHOREI VENDO UM VIDEO MEU TOCANDO UMA MUSICA MINHA ONTEM…. ESSE TROCO VAI ME MATAR AINDA…………………….

ps: a ladyfestinha foi muito legal ontem. e eu consegui engolir o choro até a última música do ligera e dar só uma engasgada no final…….. beijos. adoro voces de verdade, voces sabem né? quero adotalas como minhas irmas… ja fiz isso. enfim… acabou. eu escvor errraddo de poprotisito pra prestarim atem cao.

Já chorei encolhida muitas vezes ouvindo essa música:

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Interview: Michelle Cruz Gonzales (Spitboy)

1-What got you into punk rock? What was going on with your life at that time?

I got into punk rock at around the age of 13, starting with The Clash, The Dead Kennedys, MDC, and Subhumans. I was also a fan of the GoGo’s, which were already not very punk rock at that point, but they were women playing music and rocking hard. I was growing up in a small town where I faced a great deal of bullying because of being poor and Mexican. I felt like an outsider and people treated me like one. Punk music and ideals gave me a way to express my anger and feelings about all of it. I had also been playing music since I was in third grade – the flute. Already being musical gave me the idea that I could learn to play guitar and start my own band, which I did, but I couldn’t learn guitar fast enough, so I switched to drums.

2 – I believe Spitboy plays a very important part in the political formation of many young women involved in punk. Do you see yourself as a kind of role model for those who are starting to get involved in feminism and punk rock? I mean, do you feel you have some kind of responsibility setting a “good example” for girls that look up to Spitboy searching for something to hold on and help them fight against violence?

I don’t know if I see myself as a role model, especially now that Spitboy has been broken up for 16 or 17 years, but I know that Spitboy and all that we stood for is still very important to me and to others. Now, I’m probably more of a role model to my students since I teach at a college where I teach texts that challenge the status quo and offer different perspectives. I had a female student in my office recently discussing her ideas about an essay she was working on, and the ideas in the essay were very feminist. I asked her if she considered herself a feminist because I’m always curious who is willing to call themselves one and who is not. It really has become a dirty word. Some women don’t want to be referred to as feminists even if they are and some just think there’s no reason to, as it’s pretty common for American youth to feel women are now more or less equal, which of course, isn’t true at all. The student admitted that she did in fact consider herself a feminist and she seemed happy that I recognized it in her.

I am happy to hear that Spitboy remains important and relevant to young women getting involved in punk rock, and while I no longer feel a direct responsibility for setting a good example, I am proud of the songs we wrote and our message about violence against women and sexism, but it is sad that we as women are still facing many of the same issues. It does feel good to know that Spitboy’s music and message continues to inspire women to keep going, to keep working toward a more safe and equitable world.

3-Who were your role models when you first started the band? Which were your political influences in punk music? Cause, you know, i was born in 1991, so when i found out about feminist punk bands, the information was all there together in the internet and all in the same wikipedia page and i just had to search the band names and download every single thing i could find.

My main role models or influences were The Clash. The Clash wrote such great songs on a variety of political topics, and they sang in Spanish – terribly, but they sang in Spanish, which  I felt somehow acknowledged my background and that I, or people like me, existed. There were other bands too like the Dead Kennedys, but I started my very first band Bitch Fight and then Spitboy because I  felt there was something missing – the female perspective. Spitboy was the band I wished were out there for me and since that band, for me, didn’t exist, I helped create it. In high school, when I started my first band, some boys told us “girls can’t play music” and me and my girlfriends said, “oh, yeah!” and we went and did it anyway, and we knew we could since we had been playing other instruments since elementary school – we had already been playing music.

3-I read an interview once in which Spitboy was questioned about putting out a record through Lookout! (a label that had the history of putting out goofy bands, as said by the interviewer). It seems like the whole ethos of “political integrity” in punk rock was modeled by straight white male experiences. When an all women band is questioned from within these parameters, it kinda makes me wanna laugh nowadays, even though it took me a while to see this kind of trap. How was it for you in terms of perceiving these hidden male discourse and transmiting your message as a band?

Spitboy put out just about every release on a different label and we did that on purpose to show that we were free, that we weren’t owned by any one label, or any one person. We tried very hard not to fall into the trap of abiding by strict punk rock rules because we saw early on that there were plenty of rules (unwritten rules usually created by and perpetuated by men), which was ironic since it’s a subculture that abhors rules and restrictions.

4-When the whole riot grrrl thing happened, how was your impression, considering the type of punk rock and hardcore scene you were part of? Did you feel you were part of it, historically?

Spitboy was very excited by riot grrl, but not really a part of it. We started playing together before riot grrrl became a widespread movement and we were a bit older than most of the most visible riot grrls. The main way we differed from riot grrrl came to a head at a show in DC when the riot grrl bands playing before us told the boys they had to stand in the back. When we went on stage, we said that everyone could stand wherever they wanted because we didn’t embrace separatism. We did ask that men not stand in front of women or block their view, and I did make a comment about not being a riot grrl band, which I regret a little because I didn’t really want to be seen as so separate from the movement. I only meant to make a distinction between our brand of feminism and theirs. On the other hand, we were quite different in some ways, mainly that we played straight ahead hardcore and that we shied away from using our sexuality on stage, which caused a lot people to think we were lesbians, which didn’t bother us.

5 – Spitboy records always made a connection with imigrants and violence survivor support network. There we could find information and know where we could ask for help and join support groups. How was your relation with the local feminist movement? Did you receive any support out of the punk scene?

Spitboy got plenty of local support. We played often at Gilman, headlining many shows, but we still often felt somewhat marginalized. I particularly hated when guys would say that we had really “improved.” I don’t think that guys in bands ever said that to each other. We did have our haters too. In the bay area, there were always bands or scenester guys who were threatened by what we had to say and who would challenge us when we were on stage or at shows. I had a shorter temper when I was younger, and I got into several verbal arguments with guys at Gilman who made sexist remarks.

6 – Spitboy had a very short life and left only a few records, but its legacy is enormous: many female bands keep being inspired by its music, lyrics and the way you brought the discussions about violence against women, sexism, racism and specially sexism in the punk scene. Do you keep going to punk shows? Have you noticed any change or is it still common to hear about violence against women in punk spaces? Tell us about how you see these issues.

I don’t usually go to punk shows, but I should pay more attention to female bands in the local scene. As far as I can tell, the punk scene in the bay area is still male dominated, but there are lot of women doing things related to punk rock like putting out zines, blogs, and making art. Many of of us who are older now are teaching, which for me is a natural extension of being in Spitboy. As a teacher I use texts to challenge societal ideas about race, class, gender, sexuality, and other important social issues.

7 – Now you have a project called “Pretty bold for a Mexican girl: growing up chicana in a hick town” which is really interesting for us, as latina women living in Brazil. When you say you identify as a chicana feminist, what does it mean to you? Tell us about the project.

Pretty Bold For A Mexican Girl: Growing Up Chicana in a Hick Town is a memoir about growing up in a predominately white town in California – a part of California that still is quite conservative. The memoir is 200 pages long, and after I finished writing it, I posted one story at a time on a blog for 34 weeks, until every story was posted from beginning to end. I managed to grow a substantial readership, including many people from the town, Tuolumne, where I grew up. I am currently working to get an agent/publisher for publication on a wider scale.

All the information in the book pre-dates Spitboy and might even shed some light on how and why I got into punk rock and formative experiences that shaped how I think. The book addresses racism, classism, sexism, bullying, substance abuse, sexual abuse, and punk rock.

To identify to the world as a Chicana is to say not only to say I am Mexican American, but I am proud to be a Mexican American woman. Calling oneself a Chicana/o brings light to the fact that being Chicana/o/Mexican American is different than being Mexican; it is in and of itself it’s own distinct culture.

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Entrevista: Michelle Cruz Gonzales (Spitboy)

Quando soubemos que a Todd do Spitboy topou dar uma entrevista pro nosso querido blog, ficamos eufóricas e pensamos em juntar azamiga pra essa empreitada épica. Nós quatro, Elaine Campos, Íris Nery, Luiza Kame e Elisa Gargiulo, elaboramos juntas as perguntas da entrevista. Esperamos que vocês gostem tanto quanto a gente gostou desse momento mágico!

 todd, karin, adrienne, paula

todd, karin, adrienne, paula

Spitboy foi uma banda punk formada no início da década de 1990 em São Francismo (Califórnia) por Michelle Gonzales (Todd) na bateria, Adrienne Melanie Droogas (vocalista), Paula Gembus (baixista) e Karin Loraine Gembus (guitarrista). Paula deixou a banda antes do lançamento do EP Rasana e foi substituída por Dominique Diana Davison. Quando Spitboy acabou, Adrienne cantou brevemente na Aus Rotten, e Michelle, Karin e Dominique formaram a Instant Girl (elas lançaram apenas um LP chamado Post-Coital em 1996, que você pode baixar aqui).

Dizem que o nome vem de uma lenda do Alaska chamada “A mulher cobre” (Copper Woman). Segundo a lenda, há uma mulher que vive sozinha e isolada numa ilha. O sentimento de solidão a toma conta, e dela saem lágrimas, suor, saliva, ranho, muco — fluidos corporais dos quais ela se envergonha. Até que, ao suplicar para seus deuses, estes lhe falam sobre a beleza do seu corpo, e dizem que as secreções fazem parte da sua existência. Ela então passa a ter orgulho  do funcionamento do seu corpo, e, das secreções é criada uma vida, em forma de um garoto que se chama Spitboy.

Entre 1991 e 1995, elas lançaram 5 discos: Spitboy (Lookout Records, 1992), True Self Revealed (Ebullition Records, 1993), Mi Cuerpo Es Mio (Allied Recordings, 1994), Rasana (Ebullition Records, 1995), e o Split-LP com Los Crudos (Ebullition Records, 1995) que tocou recentemente em São Paulo. No blog Cabeça Tédio você encontra o link para baixar boa parte da discografia.

Embora a banda seja razoavelmente conhecida no Brasil — especialmente entre as mulheres da cena punk — nós temos pouquíssimas informações sobre ela em português, o que é curioso pois conheço muitas garotas para as quais Spitboy é uma importante referência política e musical.

Michelle Cruz Gonzales

Michelle

Nós tivemos contato com Michelle Cruz Gonzales (mais conhecida como Todd durante os anos em que tocava bateria na banda) através da página no facebook do seu novo projeto, chamado Pretty Bold For A Mexican Girl: Growing Up Chicana in a Hick Town (“Muito ousada para uma menina mexicana: uma chicana crescendo em uma cidade caipira”). Foi lá que vimos o blog desse projeto, no qual ela tem postado suas memórias de infância e juventude, e, entusiasticamente, lemos o post em que ela conta sobre uma regra que elas tinham quando a banda fez sua primeira tour: namorados não podiam acompanhá-las. Logo surgiu a ideia de tentar uma entrevista com ela, que aceitou de imediato e foi bastante solícita. Obrigada, Michelle!

1 – O que te levou ao punk rock? O que estava acontecendo na sua vida naquele tempo?

Eu entrei para o punk rock por volta dos 13 anos de idade, começando com The Clash, The Dead Kennedys, MDC, e Subhumans. Eu era também uma fã  de GoGo’s, que não era então muito punk rock, mas elas eram mulheres fazendo música e “rocking hard” [deixamos assim porque DETONANDO é muito palha]. Eu estava crescendo numa cidade pequena onde eu enfrentava muito bullying por ser pobre e mexicana. Eu me sentia como uma estranha e as pessoas me tratavam como tal. Os ideais e a música punk me deram a ideia de que eu podia aprender a tocar guitarra e começar minha própria banda, o que eu fiz, mas eu não pude aprender a tocar guitarra rápido o suficiente, então eu mudei pra bateria.

 

Karin e Todd

Karin e Todd

2 – Acredito que a Spitboy participa de uma parte muito importante da formação política de muitas mulheres jovens envolvidas no punk. Você se vê como um tipo de modelo para aquelas que estão começando a se envolver no feminismo e no punk rock? Quero dizer, você acha que tem algum tipo de responsabilidade em dar um “bom exemplo” para garotas que olham pro Spitboy em busca de algo no qual possam se apoiar e ajudar na luta contra violência?

Eu não sei se me vejo como um modelo, especialmente agora que a Spitboy acabou há 16 ou 17 anos, mas eu sei que a banda e tudo pelo qual nós lutamos é ainda muito importante para mim e para outr@s. Agora, eu sou provavelmente mais um modelo para minhas/meus estudantes pois eu dou aulas em uma faculdade na qual eu ensino textos que desafiam o status quo e oferecem diferentes perspectivas. Recentemente eu tive uma estudante no meu escritório discutindo suas ideias em um ensaio na qual ela estava trabalhando, a as ideias eram muito feministas. Eu a perguntei se ela se considerava uma feminista porque eu estou sempre curiosa sobre quem está disposta a se denominar assim e quem não está. Realmente tem se tornado um palavrão. Algumas mulheres não querem ser referidas como feministas mesmo elas o sendo e algumas apenas pensam que não há razão para sê-lo, assim como é muito comum que jovens american@s pensem que as mulheres são agora mais ou menos iguais, o que, obviamente, não é verdade de forma alguma. A estudante admitiu que sim, ela se considerava feminista e ela parecia feliz por eu ter reconhecido isso nela.

Eu fico feliz de saber que Spitboy continua importante e relevante para mulheres jovens envolvidas no punk rock, e faz um tempo que não me sinto mais diretamente responsável por dar um bom exemplo, tenho muito orgulho das canções que escrevemos e da nossa mensagem sobre violência contra a mulher e sexismo, mas é muito triste que as mulheres ainda estão encarando muitos dos mesmos problemas. É muito bom saber que a música e a mensagem de Spitboy continuam inspirando mulheres a continuar, a continuar trabalhando por um mundo mais seguro e igualitário.

3- Quem você admirava? Quais foram suas influências políticas dentro do punk? Porque, assim, eu nasci em 91 e quando comecei a correr atrás de feminismo punk estava tudo lá de bandeja numa página da wikipedia pra dar google nos nomes e fazer download de tudo…

Minhas principais influências e exemplos eram o The Clash. The Clash escreveu músicas muito boas em variedade grande de assuntos políticos, e eles cantavam em espanhol – muito mal, mas cantavam em espanhol, e eu me sentia que comtemplavam o meu passado e que eu e meu povo existiamos.  Também tinham outras bandas como Dead Kennedys, mas eu comecei minha primeira banda, Bitch Fight, e depois Spitboy, porque sentia falta de alguma coisa, uma perspectiva feminina. Spitboy era a banda que eu queria que estivesse lá para me dar suporte e, como essa banda não existia, ajudei a criá-la. No ensino médio, quando eu comecei minha primeira banda, alguns garotos nos diziam “meninas não podem fazer música” e eu e minhas amigas respondíamos, “oh, yeah!” e fazíamos.

encarte do Rasana

4- Uma vez eu li uma entrevista na qual Spitboy era questionada sobre lançar discos através da Lookout! (um selo que tinha um conhecido por lançar bandas “bestas”, como dito na entrevista). Parece que todo o ethos da “integridade política” no punk rock foi modelado pelas experiências de homens brancos heterossexuais. Hoje, quando uma banda de mulheres é questionada a partir desses parâmetros, isso de certa forma me faz querer rir,  mesmo que eu tenha levado algum tempo para perceber esse tipo de armadilha. Como foi isso para você em termos de perceber esses discursos masculinos escondidos e de transmitir sua mensagem enquanto uma banda?

Spitboy lançou quase todos os discos por selos diferentes e fizemos isso de propósito, para mostrar que éramos livres, que nenhum selo ou pessoa era nosso dono. Tentamos não cair na armadilha de nos prender as regras do punk rock, porque vimos que havia várias regras (regras invisíveis normalmente criadas e perpetuadas por homens), o que era muito irônico já que é uma contra cultura que abomina regras e restrições.

paula, adrienne, todd, karin

paula, adrienne, todd, karin

4- Como vocês receberam o riot grrrl, considerando o tipo de cena punk/hardcore que faziam parte? Historicamente, você se sente parte disso?

Na época, todas do Spitboy ficamos muito empolagadas com o riot grrrl, mas não eramos exatamente parte dele. Nós começamos a tocar juntas antes de o riot grrrl se tornar um movimento difundido e já éramos um pouco mais velhas do que a maioria das riot grrls mais famosas. O principal aspecto que nos diferenciava do riot grrrl veio à tona em um show em DC [Washington, DC] quando bandas riot grrl  tocaram antes da gente e falaram para os garotos que eles tinham que ficar na parte do fundo do show. Quando subimos para tocar, dissemos que todos deviam ficar onde quisessem, porque não acreditávamos em separatismo. Nós pedíamos para que os homens não ficassem na frente das mulheres para não bloquear a visão delas, e fizemos alguns comentário sobre não sermos uma banda riot grrrl, o que eu me arrependo um pouco porque não queria ser vista como algo tão separado do riot. Só queria fazer uma diferenciação entre o nosso tipo de feminismo e o delas. Por outro lado, nós éramos muito deferentes em algumas coisas, principalmente porque tocávamos um hardcore mais cru e evitávamos usar nossa sexualidade no palco, o que fez com que várias pessoas pensassem que éramos lésbicas, o que não nos incomodava.

5-Nos discos  da Spitboy sempre havia uma conexão com redes de apoio a mulheres  sobreviventes de violência e imigrantes. Era possível encontrar  informações para saber onde procurar ajuda e grupos de apoio. Como era a  relação de vocês com o movimento feminista local? vocês recebiam apoio  de fora da cena punk?

Spitboy teve muito apoio local. Frequentemente tocávamos no Gilman, como banda principal de vários shows, mas ainda nos sentíamos marginalizadas de uma maneira. Eu, particularmente, odiava quandos os caras diziam que estávamos melhorando. Eu não acho que aqueles caras diziam isso para as outras bandas de homens. Nós tinhamos nossos haters também. Em bay area, haviam sempre bandas e caras da cena que nos ameaçavam pelo que dizíamos e que nos desafiavam quando estávamos no palco ou em shows. Eu tinha um pavil bem mais curto quando era mais jovem, e acabei entrando em várias discussões com caras que faziam comentários sexistas no Gilman.

Michelle (Todd)

Michelle (Todd)

6- A Spitboy  teve uma vida curta demais e deixou muito pouco gravado, mas seu legado  é  enorme, muitas bandas punks formadas por mulheres continuam se   inspirando na sua música, nas suas letras e na forma como vocês traziam   para o centro da cena o debate sobre a violência contra as mulheres, o   sexismo, o racismo e especialmente o machismo na cena punk. Você   continua frequentando shows punk? você percebeu alguma mudança ou ainda  é  comum ouvir denuncias de casos sobre violência contra as mulheres  nos  espaços ligados a cultura punks? Fale um pouco sobre como você vê  isso.

Eu não costumo frequentar shows punk, mas devereia prestar mais atenção às bandas femininas da cena local. Pelo que eu sei, a cena de bay area ainda é dominada por bandas masculinas, mas existe uma grande quantidade de mulheres produzindo coisas relacionadas ao punk rock, como lançar zines, blogs e produção artística. Muitas de nós, que estamos mais velhas, somos professoras. O que, pra mim, é a extensão natural de estar na Spitboy. Como professora, eu uso texto que desafiem as idéias pré-estabelecidas sobre raça, classe, gênero, sexualidade, e outras problemas sociais.

7 – Agora você tem o projeto chamado “Pretty bold for a Mexican girl: growing up chicana in a hick town”, o qual é muito interessante para nós, enquanto mulheres latino-americanas vivendo no Brasil. Quando você diz que se identifica como uma feminista chicana, o que isso significa para você? Nos fale sobre esse projeto.

Pretty Bold For A Mexican Girl: Growing Up Chicana in a Hick Town (“Muito ousada para uma menina mexicana: uma chicana crescendo em uma cidade caipira”) são memórias sobre crescer em uma cidade predominantemente branca na Califórnia – uma parte da Califórnia que ainda é muito conservadora. As memórias tem 200 páginas, e depois que eu terminei de escrevê-las, eu postei uma história de cada vez no blog durante 34 semanas, até que cada história fosse postada, do começo ao fim. Eu consegui alcançar um público substancial, incluindo muitas pessoas da cidade, Tuolumne, onde eu cresci. Eu estou atualmente trabalhando para conseguir um agente/editora para a publicação em uma escala maior.

Todas as informações do livro são anteriores à Spitboy e é possível que lance alguma luz sobre como e porque eu entrei no punk rock e sobre as experiências formativas do modo como eu penso. O livro aborda o racismo, classismo, sexismo, bullying, abuso de substâncias, abuso sexual, e punk rock.

Identificar-se para o mundo como uma chicana é não só dizer “Eu sou uma  americana mexicana”, mas que tenho orgulho de ser uma mulher americana mexicana. Se auto denominar chicana/o ilumina o fato de que ser americana/o mexicana/o ou chicana/o é diferente de ser mexicana/o; que é, por si só, uma cultura diferente.

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Queria dizer que #1 “Dirty Girls”

Mais ou menos na metade do documentário um meninO Branco e que não aparenta pertencer a um qualquer grupo oprimido do ecossistema da escola diz: “Essa é a coisa mais fácil a se fazer, se rebelar”.

Dirty Girls é um curta-documentário filmado em 96, numa escola de Los Angeles. As Dirty Girls (elas não escolheram esse nome, ele foi escolhido por pessoas que provavelmente nunca tinham conversado com elas) são um grupo de meninas de 13 anos.

Já conhece essa história, né? Não? Acho que qualquer um que já foi uma menina de 13 anos consegue se relacionar com esse filme. Escola é uma bosta. Pra mim sempre foi uma grande aglomeração de gente sendo má e escrota na maior parte do tempo. Todo mundo sabe disso. Quem pertencia ao grupo que oprime ou ao grupo que é oprimido. E olha que eu já fiz parte dos dois (no primeiro porque era do pessoal dos esportes, e do segundo quando mudei pra uma escola que não se importava com esportes, muito menos os que eu praticava…).

Em VÁRIOS momentos do filme dá pra ver depoimentos de gente que tem raiva das meninas, simplesmente porque não consegue entender porque elas são diferentes. Parece que a escola toda tem a missão de fazer as garotas se sentirem mal. Elas mesmas conseguem entender que as pessoas (os popular e os unpopular) usam elas pra tentar melhorar a própria auto-estima. É engraçado/triste perceber que isso é muito recorrente em todo lugar o tempo todo(e eu digo tempo de uma maneira geral, tipo não importa o ano também).

Tem a parte do fanzine também… Pra mim é a mais assustadora de todas as partes do documentário. O diretor mostra o fanzine das meninas para alguns alunos da escola que cagam pela boca um desfile de comentários nonsense cheios de ódio. Nem vou citar nenhuma parte deles, porque é melhor/pior quando os autores dizem aquelas coisas.

Bom, vale a pena assistir, é bem interessante (estressante, porém interessante).

O mais bizarro de tudo é que ninguém pára pra pensar que está fazendo mal pra alguém. O mais bizarro de tudo é que ninguém pára pra pensar que isso não é OK. O mais bizarro de tudo é que essa pessoas se sentem confortáveis falando tudo aquilo. O bizarro de tudo é que esse tipo de violência foi naturalizada. O mais bizarro de tudo é que ninguém pára pra pensar que está fazendo mal pra alguém. O mais bizarro de tudo é SABEM que estão fazendo mal.

Cuidado com o que você diz.

 

 

escrevi esse texto em dois dias diferentes.. metade no dia que assiste o documentário e metade hoje… tá meio paçaro da dislexia talvez… não to afim de revisar agora.. mas acho que vou fazer umas mudanças nele.. não sei… queria ouvir outras opiniões..

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